O sujeito dos olhos quase aposentados
Aprendi a fazer palavras na mesma epóca que aprendi a cavar na areia da praia para fazer castelos. Eu era um menino um pouco tonto. Fui cagado por dentro. Cheguei a entregar areia molhada da praia no dever pra professora. Cheguei a cavar palavras e enterrá-las esperando nascer poesias. De vez em quando até minha mão direita desistia de mim. Eu, nervoso escondia a esquerda para ela não ter exemplo a seguir. Cresci assim. Outro dia, fui comprar queijo ralado para o macarrão e me perdi. Não sabia voltar. Perguntava aos porteiros dos prédios e nenhum sabia me ajudar. O macarrão e as pessoas me esperando. Eu sou uma pessoa que pode se perder a qualquer momento. Não tenho pé-no-chão disse um amigo. Eu tenho sim. Mas é outro chão que eu piso.
(uma cambalhota de Vitor Freire)
(uma cambalhota de Vitor Freire)
3 Comments:
Como não se perder no espaço? Se o chão é outro que se pisa que espaço estou?
Sussurravam a areia afetuosa
E as amuradas do cais deslumbrado.
Navega por mim, e nunca olhes para trás,
Disse a terra em vigília.
Dylan Thomas
estava lendo e me lembrei que aprendi a cavar na areia da praia para fazer castelos....
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