Laura n'água
Primeiro foi um homenzinho loiro que corria e tropeçava nos trilhos de uma velha estação desativada, arrastando pelo braço uma guria de cabelo curto bastante assustada que gritava: - “Otávio ficou pra trás com a sombrinha amarela!” Depois vieram umas ameixas douradas maduras, que ao cair do galho seco transformavam-se em suculentos pássaros noturnos.
Enquanto Laura deixava cair a água do chuveiro nas costas, pedaços de sonho escorriam pelo ralo. Sonhos ainda mornos, fiapos de memória molhada que Laura deixava escapar em trêmulas e brilhantes gotas.
E lá se ia um gato ralo abaixo, bolinha felpuda e miante com olhos vazios. Para em seguida escoar aquele rapaz alto e magro empenhadíssimo na tarefa de consultar os ponteiros do relógio como quem examina uma jóia, a textura de uma pétala ou os lábios de sua mulher.
No fundo da paisagem, uma praia em dois tons. Na primeira das metades, uma fina e clara areia, ondas tranqüilas lambendo o calcanhar das crianças. Atrás, o céu doente de febre, tão escuro quanto as pupilas de Rita quando chora - que ficam diferentes de todas, ainda mais pupilas.
É de manhã e Laura enxágua com zelo seus sonhos, cuidando para que não se quebrem ao cair dos cabelos, protegendo-os do esquecimento antes que os pobres se estilhacem contra o chão do box do chuveiro.
Enquanto Laura deixava cair a água do chuveiro nas costas, pedaços de sonho escorriam pelo ralo. Sonhos ainda mornos, fiapos de memória molhada que Laura deixava escapar em trêmulas e brilhantes gotas.
E lá se ia um gato ralo abaixo, bolinha felpuda e miante com olhos vazios. Para em seguida escoar aquele rapaz alto e magro empenhadíssimo na tarefa de consultar os ponteiros do relógio como quem examina uma jóia, a textura de uma pétala ou os lábios de sua mulher.
No fundo da paisagem, uma praia em dois tons. Na primeira das metades, uma fina e clara areia, ondas tranqüilas lambendo o calcanhar das crianças. Atrás, o céu doente de febre, tão escuro quanto as pupilas de Rita quando chora - que ficam diferentes de todas, ainda mais pupilas.
É de manhã e Laura enxágua com zelo seus sonhos, cuidando para que não se quebrem ao cair dos cabelos, protegendo-os do esquecimento antes que os pobres se estilhacem contra o chão do box do chuveiro.
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