quinta-feira, dezembro 21, 2006

Mais ou Menos (carta de intenções para 2007)


Dezembro.
Um novo fim que se aproxima.
Mais uma missão compridamente cumprida.
O cheque-mate do calendário.

Só que
antes de rasgar a última página da folhinha,
eu vou escrever uma carta mimosa para mim mesma,
onde serão traçados os planos de praxe,
aquelas promessas que antecedem Janeiro,
talvez por hábito
ou pura esperança.
Ou ainda, por acreditar na matemática básica como antídoto,
visto que quase tudo pode ser resolvido na conta de mais
ou menos.

Então, em dois mil e sete eu quero

Mais céu azul, menos tempestade
Mais terrorismo poético
Menos insônia na segunda
Mais descobertas na cidade
Menos hits radiofónicos
Mais herbie hancock no walkman
Menos repulsa ao mamão papaia
Mais prudência ao devorar uma caixa de bis
Menos leituras atrasadas
Mais entusiasmo ao acordar
Menos poder à W. Bush
Mais cor nas comidas
Menos lágrimas escondidas
Mais calma quando faltar chão
Menos ônibus lotados
Mais vitamina C
Menos medo de baratas
Mais fotografias pb
Menos leituras obrigatórias
Mais dentes sorridentes
Menos promessas não-cumpridas
Mais versos de Pessoa
Menos problemas inventados
Mais música de vinil
Menos rios metafísicos
Mais visitas e louças pra lavar
Menos insatisfação gratuita
Mais domingos de manhã na cama
Menos contas do celular
Mais contos por escrever
Menos palpite furado
Mais palpite certeiro
Menos zapping na televisão
Mais piqueniques no parque
Menos junk-mails
Mais cartas pelo correio
Menos desgraça nos noticiários
Mais cafunés diários
Menos bagunça na gaveta de meias
Mais molho no macarrão
Menos outdoors na cidade
Mais viagens compridas
Menos frio nos pés
Mais calor nos corpos
Menos desistências
Mais cumplicidade
Menos idas ao supermercado
Mais idas à feira
Menos reclamações do clima
Mais atitudes espontâneas
Menos buzinas de trânsito
Mais flores decorando a sala
Menos depilação à cera
Mais poemas colados na geladeira
Menos cobranças a si mesmo
Mais reuniões a céu aberto
Menos relógios e burocracias
Mais partidas de dominó e xadrez
Menos partidas de amigos
Mais agá dois ó, menos te-pe-eme
Mais chimarrão com o avô
Menos computador que trava
Mais doçura ao atender o telefone
Menos desperdício, mais reciclagem
(um pouco) menos de vagabundagem
Mais quadros na parede
Menos Estado, mais indivíduo
Mais respeito aos ciclistas urbanos
Menos necessidade de dinheiro
Mais cronópios, menos famas
Mais tempo do seu lado
Menos comida enlatada
Mais pedaladas noturnas
Menos esquecimento
Mais cordialidade
Menos militares
Mais domingos
Menos segundas-feiras
Menos listas como essa

Mais sonhos, menos planos.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

vamos, indo.

Pedro Carrano parte novamente de encontro às cidades invisíveis.
E sua mochila vai cada vez mais leve.

As histórias ele deixa aqui, feito rastro.